DIZER NÃO AOS FILHOS É ERRADO?
É certo dizer tantos “nãos” aos filhos pequenos e jovens?
Como educador, sempre fui forte nos meus conceitos e ensinamentos, acreditava que ser firme e justo era o que importava para uma boa educação; quando virei pai, passei a me questionar sobre isso e fui buscar na literatura, tudo o que era possível sobre uma boa educação.
Na época, o assunto era: “você diz muitos nãos ao seu filho”. Essa frase me intrigou e até assustou, embora meu filho ainda estivesse na barriga da mãe, eu passei a observar outros pais e as ações que faziam com seus filhos, vendo também as reações das crianças.
Conhecia pais firmes, pais ativos, mas também alguns que eram muito coniventes e permissivos com seus filhos. Alguns pais eram sempre proativos e pacientes, ensinando, atuando, orientando seus filhos nas ações; por outro lado alguns eram mais preguiçosos e usavam a questão do “deixe ele, está conhecendo o mundo” muito mais por conveniência do que por estarem realmente educando.
No início, olhando do alto pedestal de educador, achei mesmo que o que diziam fazia sentido, então comecei a achar que realmente aquilo era uma verdade.
O resultado das minhas observações, leituras e reflexões sobre o tema, foi que não existe receita perfeita. Existem os mais variados tipos de pais e filhos e o amor e a boa vontade é que ditam como a criança deverá ser criada e que tipo de adulto teremos no futuro.
Meu filho nasceu e comecei a entrar na rotina de um pai fresquinho e participativo, ou seja, estava sempre próximo, ajudava minha esposa em tudo que se relacionava ao pequeno ser que, eu já amava acima de tudo, e com muito cuidado fui vendo o crescer dele.
Nos primeiros meses a rotina era cansativa mas básica, afinal eram sorrisos, cocôs, xixis e choros eventuais, super tranquilo.
Continuei lendo e acompanhando psicólogos e especialistas que falavam a respeito do “dizer mais sins do que nãos”, mas aquilo começou a me incomodar.
Quando meu filho começou a engatinhar, trepar nas coisas e a interagir um pouco mais, a questão do “NÃO!” começou vir à tona, com toda a sua força posso dizer.
O ser humano, nos primeiros anos de vida, é extremamente dependente, completamente diferente dos outros seres vivos do planeta.
Na sua jornada inicial, em média até os 10 anos, ele quer experimentar tudo e uma casa pode ter tantos perigos que o “não!” é uma chave de segurança, quase um botão de prevenção de acidentes.
Outra coisa importantíssima a ser observada é que, por a criança ser aventureira por natureza, ela muitas vezes insiste em erros e a chave de segurança “não!” é acionada muitas vezes, e isso é normal!!!
Claro que aqui estou falando de pais: a) ativos, b) presentes, c) amáveis, d) pacientes, etc, e não daqueles que deixam a criação dos filhos para empregados, assessores, colaboradores, avós, escola, etc.
Então não venham me falar que dizer não para tudo é coisa de pais preguiçosos, não é verdade. Os “sins!” existem em quantidades equivalentes aos “nãos!” que previnem acidentes.
A sociedade mundial vem numa terrível tendencia a vitimizar tudo e todos, com isso perderam-se o básico da educação, conceitos que orientam a criação dos filhos como:
a) dar limites;
b) estimular a experimentação, mas com assessoria;
c) ensinar o respeito e mostrar a autoridade dos pais;
d) mostrar que na vida, temos muito mais “nãos!” do que “sins!” e que isso é normal.
No início da vida da criança, ela deve aprender a respeitar e obedecer aos pais, pois estes são os seres na Terra que mais os amam. Agora se os pais que os amam acima de tudo, se veem obrigados a impor limites para que os filhos possam ter melhores discernimentos, imaginem essas crianças crescendo sem essas bases? E é isso que está acontecendo no mundo!
O mundo é um lugar complicado, de regras, conceitos e características extremamente diferentes da casa da gente, muitas vezes injustas, mas é assim que é, então temos que criar os filhos para que saibam diferenciar e se adaptar a ele.
Criar os filhos com um bom senso crítico, amor e respeito sempre, dará a eles mais chances de terem uma vida mais tranquila e assim, prepara-los para um bom futuro.
ConcluÍ que dizer “NÃO!” também é um ato de amor.