O TREM DAS 18:15HS

Um conto romantizado de um encontro improvável que trouxe ao final da sua História a famosa frase "E FORAM FELIZES PARA SEMPRE!!!"

Um conto romantizado de um encontro improvável que trouxe ao final da sua História a famosa frase “E FORAM FELIZES PARA SEMPRE!!!”

A pressa fazia parte da vida do Sr. Antônio. Como sempre ele ficou entretido com seus clientes e acabou perdendo a hora de sair do escritório que ficava no centro de Ribeirão Preto.

Com todo o movimento do horário, ele foi se esgueirando por entre as pessoas, que eram muitas, passando pela grande praça XV em direção a descida da rua Duque de Caxias, a caminho da estação que ficava na Avenida Gerônimo Gonçalves. Após passar pelo Imponente teatro Pedro II, Sr. Antônio pegou o lenço branco, passou pela sua testa que já aumentava, deixando claro que em breve ficaria calvo, pois seus cabelos loiros estavam ficando ralos. “Ribeirão Preto é quente como o inferno”, pensou o homem, descendente de italiano, com olhos azuis claríssimos, pele branca e vermelha do sol que sempre castigou a cidade. Com suas pernas finas e compridas, foi driblando o tempo e o espaço e conseguiu chegar à estação Central quase as 18:10hs, fazendo com que corresse, comprasse seu passe e fosse se sentar no lugar de sempre, no segundo vagão, pertinho da janela, pois assim poderia aproveitar a viagem até próximo a sua casa.

Com aquele clima quente, Senhorita Margarida, uma mulher descendente de Negros e Italianos, uma mistura maravilhosa que a deixou com traços fortes, um corpo volumoso e um rosto sorridente e simpático, estava saindo de uma casa de chá, onde havia marcado com algumas amigas para conversar sobre a vida. Era uma Senhorita, que nos seus 21 anos, trazia uma firmeza diferenciada, decidida, séria, mas ao mesmo tempo, um espírito jovial e que todos admiravam. Quando ela sentiu aquele sol forte pensou – Senhor, vou derreter até a Estação Central, não quero que pareça que eu estava trabalhando na roça quando for entrar no trem, kkk – ela riu da brincadeira que fez com si mesma e continuou com calma, pois ainda eram 17:00hs e poderia parar quantas vezes quisesse entre as gigantescas árvores que acompanhavam-na, no percurso da rua General Osório. Por onde passava ,seu perfume delicado e penetrante chamava a atenção dos transeuntes, além é claro da sua beleza, de um vestido florido e de altíssimo astral, ela trazia aquele sorriso que energizava a todos que ousavam olhar para tão exuberante mulher. E foi assim que ela foi distribuindo simpatia, leveza e alegria até chegar à estação Central.

Lá chegando, Senhorita Margarida teve uma vontade diferente, quis sentar-se em outro vagão, pois de costume ia sempre para o último e, discretamente ficava no cantinho, com seu leque e calma peculiares. Comprou a passagem para o segundo vagão mas não quis sentar-se de frente, pegou o banco de costas, colado a janelinha e pensou – ficarei vendo a vida passar aqui, mas por uma ótica diferente – mais uma vez riu de si mesma por ter ideias e opiniões diferentes da maioria das pessoas que conhecia.

Quando o Sr. Antônio se sentou, enxugou mais uma vez a testa, arrumou o terno bege que o deixava ainda mais branco, ajeitou os cabelos loiros com um lindo pente, guardou-o no bolso do blazer, deu uma respirada profunda, como quem diz “ufa cheguei” e relaxou no banco. Ele olhou para fora do trem, viu algumas pessoas que passavam, ouviu o canto das andorinhas que berravam na primavera e olhou para frente; foi aí que se deparou com aquela Senhorita com olhos castanhos escuros, fitando-o com simpatia e leveza. Naquele momento o tempo parou, Sr. Antônio sentiu o coração bater descompassadamente, um formigamento vindo dos pés à cabeça e seus olhos azuis brilharam mais ainda, denunciando sua admiração por aquela maravilhosa mulher com nome de flor que a sua frente estava.

A Senhorita Margarida percebeu, na energia que aqueles olhos a fitavam, uma ligação de outras vidas, para ela naquele momento o Mundo ficou mais intenso. Seu coração acelerou, suas mãos começaram a suar e seu sorriso ficou ainda mais radiante, denunciando o contentamento que ela sentia em estar ali de frente com aquele Sr. Estranho que, sem dizer uma palavra, acenou positivamente com a cabeça fazendo um respeitoso cumprimento, o que foi seguido por ela e assim, conseguiram mesmo que por alguns segundos tirarem os olhos, um do outro.

A viagem transcorreu maravilhosa, pois aquela altura, havia uma brisa leve e fresca que deixou tudo mais sensacional para ambos. Os olhos se cruzavam de vez em quando, riam e continuavam a tentar conter aquele ímpeto de começar uma conversa imediatamente, pois naquela época não era de bom tom e educação falar com estranhos.

Ao chegarem próximos da estação Alvorada, ambos começaram a se mexer para tomar o rumo da porta de saída do vagão, o que fez com que mais uma vez, se olhassem e dessem mais um sorriso descontraído, um para o outro. Que estranha coincidência descerem no mesmo ponto e nunca terem se conhecido até então.

Naquela estação, havia um cantor que tocava músicas populares com um violão e naquele momento saia um solo tranquilo e harmonioso de seus dedos habilidosos, fazendo com que ambos os personagens caminhassem lado a lado com uma leveza espantosa. Ao chegarem na saída da estação, o Sr. Antônio virou-se para a Senhorita Margarida e a convidou para tomar um chá no charmoso “CHÁS E PÃES”, um comercio onde as pessoas adoravam passar e investir um tempo em papos, cafés, chás, pães e bolos deliciosos que eram ali servidos. De pronto ela aceitou, conversaram sobre tanta coisa que nem pareciam 2 estranhos que acabavam de se conhecer.

Ao final do chá, quase duas horas haviam se passado e já ficava claro que aquele encontro foi desenhando no além, pois no âmago de ambos era certo que haviam acabado de conhecer o par perfeito um do outro.

Em pouco mais de 6 meses e após muitos encontros, conhecerem suas famílias e amigos, o casal marcou o matrimônio, iniciando ali mais uma linda história de Amor e romanticamente, FORAM FELIZES PARA SEMPRE!!!

Alexandre
Alexandre